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ToggleReforma Tributária 2026: o que muda e como se preparar para a nova cobrança de impostos no Brasil
A Reforma Tributária de 2026 inaugura uma mudança estrutural na tributação do consumo no Brasil. O país adota um modelo de IVA Dual, que reorganiza a apuração de impostos com base no valor agregado, simplifica rotinas e tende a reduzir disputas fiscais. Para empresas, o foco prático está em cadastros limpos, precificação consistente, integração de sistemas e disciplina de caixa durante a transição.
O que é a Reforma Tributária 2026
O novo sistema está fundamentado na Emenda Constitucional nº 132/2023, que institui a base do IVA Dual e define diretrizes de transição. A regulamentação ocorrerá por leis complementares e a fase de testes se inicia em 1º de janeiro de 2026, com implementação plena prevista até 2033.
Em essência, a Reforma substitui cinco tributos sobre consumo por dois de abrangência ampla, padronizando regras, privilegiando a não cumulatividade e a tributação no destino. Isso alinha o Brasil às boas práticas internacionais e dá previsibilidade à formação de preços.
Quais tributos serão substituídos
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) — tributo federal que unifica PIS e Cofins.
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) — tributo estadual/municipal que substitui ICMS e ISS.
Juntos, compõem o IVA Dual. A CBS é gerida pela Receita Federal (União) e o IBS por um Comitê Gestor formado por estados e municípios. Ambos operam sob o princípio da não cumulatividade, permitindo o aproveitamento integral de créditos.
Como o novo modelo vai funcionar (valor agregado, crédito e destino)
No modelo de valor agregado, a empresa calcula o débito do imposto na venda e desconta os créditos provenientes de aquisições anteriores. A incidência no destino (local do consumo) reduz guerra fiscal e assimetrias regionais.
Exemplo prático: uma indústria compra insumos por R$ 10.000 com R$ 1.800 de tributos. Vende o produto final por R$ 18.000, com R$ 3.240 de impostos. Na apuração, ela compensa os R$ 1.800 pagos e recolhe apenas R$ 1.440 — o imposto efetivo sobre o valor agregado.
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Split payment: efeito imediato no caixa e na reconciliação
O split payment separa automaticamente a parcela do imposto no ato do pagamento e a direciona ao fisco. O fornecedor recebe o líquido. Esse mecanismo tende a reduzir inadimplência e dar precisão à arrecadação, porém antecipa a saída do tributo, exigindo reforço no capital de giro e integração entre ERP, emissão fiscal e meios de pagamento.
Diferenças práticas entre CBS e IBS
| Aspecto | CBS | IBS |
|---|---|---|
| Âmbito | Federal (substitui PIS/Cofins) | Estadual/Municipal (substitui ICMS/ISS) |
| Gestão | Receita Federal | Comitê Gestor (entes subnacionais) |
| Destino da receita | União | Estados e municípios |
| Princípios | Não cumulatividade, crédito amplo, destino | Não cumulatividade, crédito amplo, destino |
| Impacto operacional | Preço de venda e cadeia de créditos federais | Padronização interestadual e regras uniformes |
Na rotina, a empresa apura e concilia dois fluxos (CBS e IBS) com lógica comum. A governança difere, mas o objetivo é simplificar e dar previsibilidade à carga, reduzindo a dispersão de regras entre entes federativos.
Impactos por setor: indústria, comércio e serviços
Indústria: tende a capturar ganhos com créditos amplos e padronização nas operações interestaduais. Cadeias longas se beneficiam da redução de cumulatividade e de uma precificação mais precisa.
Comércio: ganha visibilidade de margem e simplificação na logística fiscal, sobretudo em operações entre estados. A uniformização tende a reduzir exceções e regimes que hoje elevam o custo de conformidade.
Serviços: em atividades de elevado valor agregado e poucos insumos creditáveis, pode haver pressão de carga efetiva. A resposta está em mapear insumos com direito a crédito, ajustar a política de preços e revisar cláusulas contratuais para manter competitividade.
Quem paga e quando entra em vigor
De modo geral, todas as empresas que vendem bens ou prestam serviços estarão no escopo da CBS e do IBS. A fase de testes inicia em 01/01/2026; entre 2027 e 2032, há convivência entre o modelo atual e o novo; a consolidação é esperada até 2033. O período de transição deve ser usado para adequar cadastros, sistemas e rotinas.
Exemplos práticos (comparativos) de apuração
Varejo (SP → SP): compra R$ 100 (impostos embutidos R$ 18); venda R$ 160 (impostos R$ 28,80). Apuração: débito R$ 28,80 – crédito R$ 18,00 = R$ 10,80 a recolher.
Serviço B2B (consultoria): receita R$ 50.000; insumos com crédito R$ 5.000. A alíquota efetiva combinada determina o débito; quanto maior o mapeamento de insumos elegíveis, menor a carga líquida. Estratégia: qualificar despesas para crédito e formalizar evidências.
Como calcular CBS e IBS (passo a passo)
- Base de cálculo: valor da operação (bens/serviços).
- Alíquotas: aplicar a combinação CBS + IBS conforme regras vigentes.
- Créditos: somar créditos elegíveis (insumos, serviços, energia etc.).
- Apuração: débito – créditos = imposto devido.
- Recolhimento: via split payment (quando aplicável) e escrituração integrada.
O cadastro fiscal (NCM, CST, CFOP, CNAE e descrições) continua sendo a espinha dorsal da conformidade. Erros impedem o crédito, distorcem margens e elevam o risco de glosas.
Roteiro de preparação 2025–2026
- Diagnóstico tributário: simule a carga com CBS/IBS nos 10 itens mais relevantes por receita e margem.
- Higienização de cadastros: rotinas mensais de conferência; donos de processo; versionamento de regras.
- Integrações: ERP, emissão fiscal e contabilidade com conciliação e relatórios de exceção.
- Precificação: tabeleiros com cenários (base, conservador, agressivo) e cláusulas de revisão.
- Treinamento: linguagem comum entre compras, vendas, fiscal e financeiro; calendário de fechamento.
Erros comuns e como evitar
- Postergar a fase de testes de 2026 e acumular ajustes para 2027;
- Subestimar a importância de cadastros e perder créditos legítimos;
- Não integrar ERP ↔ emissão fiscal ↔ contabilidade e depender de planilhas;
- Deixar de treinar equipes de ponta (compras, vendas, faturamento);
- Ignorar o impacto do split payment no capital de giro.
Checklist de preparação para 2026
- Mapeie tributos atuais e onde CBS/IBS os substituem;
- Crie indicadores-chave (crédito esperado vs. realizado; divergência destaque/recolhimento);
- Defina responsáveis e um calendário de fechamento tributário.
Como a SABER Contábil pode ajudar (abordagem consultiva)
Na SABER Contábil, atuamos em quatro frentes integradas para apoiar a transição: diagnóstico tributário por produto/cliente, higienização de cadastros (NCM, CST, CFOP, CNAE, descrições), simulações financeiras (margem, preços, fluxo de caixa) e treinamento operacional (rotinas, indicadores, conciliação). O objetivo é garantir conformidade e proteger a margem desde o primeiro ciclo.
FAQ (Perguntas frequentes)
Qual é a diferença essencial entre CBS e IBS?
A CBS é federal e substitui PIS/Cofins; o IBS é estadual/municipal e substitui ICMS/ISS. Ambos operam no modelo de valor agregado, com crédito/débito e tributação no destino, mas têm governança e destinação de receitas distintas.
Quando a mudança começa e como será a transição?
A fase de testes inicia em 01/01/2026; de 2027 a 2032 há convivência entre modelos; a consolidação é esperada até 2033. O período é ideal para ajustar cadastros, integrar sistemas e treinar equipes.
Como o split payment afeta o caixa da empresa?
O imposto é segregado e remetido ao fisco no momento do pagamento, antecipando a saída do tributo. Para preservar liquidez, recomenda-se calibrar prazos, integrar ERP e meios de pagamento e criar rotinas de conciliação diária.
Serviços pagarão mais imposto com o novo modelo?
Depende da alíquota efetiva e da estrutura de insumos creditáveis. Atividades de alto valor agregado e poucos créditos tendem a sentir pressão. Mitigue mapeando insumos elegíveis e revisando precificação e contratos.
O que fazer agora para não perder crédito e margem?
Priorize cadastros consistentes, integrações entre ERP, emissão fiscal e contabilidade, simulações por cenário e rotinas de conciliação com relatórios de exceção. Isso reduz glosas e protege a rentabilidade.
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- IBS e CBS: o que são e por que substituem PIS, Cofins, ICMS e ISS
- Impactos da Reforma Tributária 2026 nas pequenas empresas
- Estratégias para adaptar sua empresa à Reforma Tributária 2026
Fontes e referências
- Emenda Constitucional nº 132/2023
- Ministério da Fazenda — Reforma Tributária
- Portal Gov.br
Sobre o conteúdo
Autor: Éder José — Diretor Executivo da SABER Contábil
Revisor técnico: Luiz Fernando — Contador Responsável
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