A Reforma Tributária 2026 marca o início de uma nova fase para quem empreende no Brasil. O sistema passa a priorizar simplificação, padronização das notas fiscais e mais previsibilidade na apuração de tributos.
Para microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), os impactos aparecem no dia a dia: notas fiscais com layout nacional, novos tributos sobre consumo (IBS e CBS) e mudanças na precificação e fluxo de caixa.
Neste guia, a SABER Contábil explica de forma prática o que muda, quem é mais impactado e como preparar sua empresa para a transição.
Índice
ToggleO que muda com IBS, CBS e o conceito de IVA?
Com a Reforma Tributária 2026, o conjunto de tributos PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS será substituído por dois impostos sobre o consumo: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
Juntos, eles formam o modelo de IVA (Imposto sobre Valor Agregado). A nova lógica é não cumulativa: o imposto devido nas vendas pode ser compensado com créditos gerados em compras elegíveis, como energia, aluguel, software, serviços e imobilizado.
Para produtos ou serviços nocivos, haverá ainda o Imposto Seletivo, voltado à desincentivação de consumo.
👉 Na prática: a venda passa a destacar os tributos “por fora”, dando mais transparência e permitindo comparar melhor fornecedores — especialmente em operações entre pessoas jurídicas (B2B).
Como fica a nota fiscal no padrão nacional?
Com a Reforma, a emissão de NF-e, NFC-e e NFS-e passa a seguir um layout unificado nacionalmente. Estados e municípios manterão seus sistemas, mas todos seguirão o mesmo manual de campos, códigos e regras de integração.
O objetivo é reduzir divergências, retrabalho e erros de integração — um ganho enorme para pequenas empresas que vendem em diferentes cidades ou plataformas digitais.
Quais pequenos negócios sentirão primeiro os efeitos?
Nem todas as pequenas empresas serão afetadas da mesma forma pela Reforma Tributária.
Os impactos dependem do tipo de atividade e de como a empresa gasta o seu dinheiro.
Empresas de serviços, como consultorias, agências de marketing, clínicas e escolas, costumam ter muitos funcionários e poucos gastos com produtos ou insumos.
Como essas despesas não geram crédito tributário, esse tipo de negócio pode sentir o peso da mudança mais rapidamente.
Por outro lado, empresas que gastam com energia elétrica, aluguel, softwares, logística ou serviços terceirizados vão conseguir aproveitar mais créditos.
Isso ajuda a reduzir o valor final do imposto a pagar, tornando a operação mais leve.
👉 Na prática:
Uma agência de publicidade, por exemplo, tem altos custos com equipe, mas poucos gastos que geram crédito.
Já uma fábrica ou uma empresa de tecnologia, que paga aluguel, luz e serviços, terá mais chances de compensar impostos e equilibrar melhor as contas.
No caso das empresas do Simples Nacional, pouca coisa muda na rotina — mas vale ficar de olho em três pontos importantes:
1️⃣ Códigos fiscais: será preciso ajustar o emissor de notas e o sistema para seguir o novo layout nacional.
2️⃣ Simples Híbrido: esse modelo pode se tornar vantajoso para quem vende para outras empresas (B2B), pois o cliente poderá aproveitar créditos de IBS e CBS destacados.
3️⃣ Competitividade: empresas que não geram crédito podem ficar em desvantagem em relação a concorrentes que geram.
O ideal é conversar com um contador de confiança e simular diferentes cenários, comparando o impacto da Reforma no seu tipo de negócio.
As ME e EPP vão acabar com a Reforma Tributária?
Uma dúvida comum entre empreendedores é se a Reforma Tributária vai acabar com as micro e pequenas empresasou com o Simples Nacional.
A boa notícia é: não, as ME e EPP continuam existindo normalmente.
O que muda é o ambiente em que elas operam.
Com a criação do IBS e da CBS, o sistema tributário ficará mais transparente e padronizado, mas o Simples Nacional seguirá como um regime diferenciado, com tributos unificados em uma única guia (DAS).
Isso significa que as empresas do Simples continuarão pagando de forma simplificada, sem precisar apurar imposto em cada venda ou compra.
Porém, algumas adaptações serão necessárias para acompanhar as novas regras, principalmente na emissão de notas fiscais e na forma de destacar tributos.
👉 Na prática:
O Simples Nacional não vai acabar, mas poderá passar por ajustes para se integrar melhor ao novo modelo de IVA.
Um exemplo é o possível Simples Híbrido, onde o IBS e a CBS seriam cobrados “por fora” da guia única, permitindo que o cliente PJ aproveite o crédito tributário.
Essa mudança ainda está em estudo, mas tende a aumentar a competitividade das pequenas empresas que vendem para outras empresas.
Portanto, a Reforma Tributária não elimina as ME e EPP — ela apenas moderniza o sistema, exigindo mais planejamento, acompanhamento contábil e atenção às novas regras.
Como fica o Simples Nacional com a Reforma Tributária?
O Simples Nacional não vai acabar, mas deve passar por ajustes para se adaptar ao novo sistema tributário.
As empresas continuarão recolhendo seus impostos em uma guia única (DAS), com base no faturamento, mas algumas regras de cálculo e emissão de notas podem mudar.
O governo estuda a criação do Simples Híbrido, um modelo em que os novos tributos (IBS e CBS) seriam destacados “por fora” da guia do Simples.
Isso permitiria que empresas optantes pelo Simples gerassem crédito tributário para seus clientes PJ — algo que hoje não acontece.
👉 Na prática:
Uma empresa do Simples que vende para outra empresa (B2B) poderia destacar o IBS e a CBS na nota, gerando crédito para o comprador.
Isso aumentaria sua competitividade no mercado e reduziria a diferença em relação às empresas de Lucro Presumido ou Real.
Já nas vendas para pessoa física (B2C), tudo deve continuar igual — o cliente final não percebe mudança.
Apesar da transição, o Simples Nacional continuará sendo o regime mais vantajoso para pequenos negócios, por sua simplicidade de apuração e baixo custo de conformidade.
No entanto, será importante acompanhar as atualizações e simular cenários com o contador para entender se o Simples Híbrido pode ser mais vantajoso para sua empresa.
👉 Atenção:
Alguns setores com margem reduzida ou forte atuação B2B podem se beneficiar de uma migração planejada de regime no futuro. Avalie caso a caso.
Linha do tempo: o que esperar até 2026 (e depois)
- 
2025: ampliação do piloto de notas fiscais no padrão nacional.
 - 
2026: início oficial do layout unificado (NF-e, NFC-e, NFS-e) e da apuração com IBS/CBS destacados.
 - 
2027 a 2032: fase de transição e ajustes, com créditos, exceções e aperfeiçoamentos setoriais.
 
🎥 Assista ao vídeo da SABER Contábil sobre este tema no canal oficial do YouTube.
Como a Reforma Tributária 2026 muda a precificação?
A principal mudança está na forma de montar o preço dos produtos e serviços.
Hoje, a maioria das empresas trabalha com o preço “com imposto por dentro” — ou seja, o valor final já inclui todos os tributos, mas eles não aparecem separados.
Com a Reforma, os novos impostos (IBS e CBS) serão destacados por fora da nota fiscal. Isso significa que o preço do produto ou serviço ficará mais transparente, mostrando o valor líquido e o valor dos tributos separadamente.
Na prática, o empresário vai precisar recalcular o preço de venda considerando essa nova forma de destacar o imposto. Isso não quer dizer que o preço final ao consumidor vai aumentar, mas sim que ficará mais claro o quanto é imposto e quanto é receita da empresa.
Essa separação é importante, principalmente nas vendas entre empresas (B2B). O cliente PJ poderá aproveitar o crédito de IBS e CBS pago na compra, o que melhora a negociação e reduz o custo efetivo.
👉 Exemplo simples:
Imagine que sua empresa vende um serviço por R$ 1.000.
Com o novo modelo, você vai emitir uma nota mostrando R$ 1.000 como valor líquido + R$ 270 de tributos (27% apenas como exemplo).
O total da nota será R$ 1.270, mas o cliente PJ poderá usar parte desse valor como crédito tributário.
Assim, todo mundo ganha transparência: o cliente sabe o que está pagando e o empresário entende melhor sua margem de lucro.
Exemplo prático de crédito de IVA
Uma empresa de TI fatura R$ 30.000 por mês em serviços. Supondo alíquota de 27% (IBS + CBS) para simulação, o destaque seria R$ 8.100.
Se a empresa tiver R$ 4.000 em despesas com crédito permitido (energia, software, serviços), acumula cerca de R$ 1.080 em créditos. Assim, o imposto incide apenas sobre o valor agregado, reduzindo a carga efetiva.
Split payment e conciliação: o que muda no caixa?
Outro ponto importante da Reforma Tributária 2026 é o split payment, que significa literalmente “pagamento dividido”.
Hoje, quando o cliente paga, todo o dinheiro entra na conta da empresa, e depois o empresário precisa separar o valor dos impostos para recolher.
Com o split payment, isso vai mudar: uma parte do valor da venda será enviada automaticamente ao fisco, e o restante irá para a conta da empresa.
👉 Na prática:
Se você vender R$ 1.000 com R$ 270 de imposto, o cliente pagará R$ 1.270.
Desse total, R$ 1.000 cairá na sua conta e R$ 270 será repassado direto ao governo.
Você não precisará emitir uma guia manual para recolher aquele imposto — o pagamento já será “fatiado” automaticamente.
Essa automatização pode facilitar o recolhimento e reduzir erros, mas também exige atenção na conciliação bancária.
Ou seja, será preciso verificar se o que entrou no caixa confere com o que foi faturado e com o que o fisco recebeu.
Por isso, será importante usar sistemas integrados (ERP e emissor de notas) que ajudem a acompanhar tudo de forma automática.
O objetivo é dar mais segurança e transparência, mas o empresário precisa se preparar para lidar com esse novo fluxo de dinheiro.
Contratos, retenções e cláusulas de transição
Com a Reforma Tributária 2026, revise contratos comerciais para prever:
- 
Mudança de alíquotas e split de impostos;
 - 
Retenções específicas;
 - 
Prazos de revisão de preços.
 
Atenção especial a propostas e pedidos de venda: documente como os tributos serão destacados e quais variações poderão ocorrer durante a transição.
Checklist de adaptação rápida para ME e EPP
✅ Mapeie clientes por perfil: PF, PJ Simples e PJ fora do Simples.
✅ Liste despesas que geram crédito (energia, aluguel, cloud, serviços).
✅ Simule cenários: Simples, Simples Híbrido e Lucro Presumido/Real.
✅ Atualize ERP e emissor: campos do layout nacional e relatórios de crédito.
✅ Revise contratos e políticas comerciais.
✅ Treine o time para lidar com notas, tributos e atendimento ao cliente.
FAQ — Perguntas frequentes
A Reforma Tributária 2026 aumenta impostos para pequenas empresas?
Depende do regime e do perfil de custos. No Simples Nacional, a rotina continua parecida. Já em operações B2B, pode haver pressão por crédito ao tomador, exigindo simulações.
O que muda na emissão da nota fiscal?
A emissão seguirá um layout unificado para NF-e, NFC-e e NFS-e, com impostos destacados e códigos padronizados — o que reduz divergências e facilita integrações com ERPs e marketplaces.
Como funcionam os créditos de IVA (IBS/CBS)?
Despesas como energia, aluguel, softwares, serviços e imobilizado geram créditos que compensam o imposto nas vendas. Assim, o tributo incide apenas sobre o valor agregado.
Vale migrar do Simples para o Lucro Presumido ou Real?
Não existe resposta única. Avalie faturamento, perfil de clientes, despesas creditáveis e custo de compliance. Em B2B, o Simples Híbrido pode ser vantajoso.
O que é split payment e por que isso importa?
É quando parte do valor da venda vai direto ao fisco. Simplifica o recolhimento, mas requer conciliação entre notas, recebimentos e guias.
Conclusão: transforme a Reforma em previsibilidade
A Reforma Tributária 2026 é uma oportunidade para ME e EPP ganharem transparência, previsibilidade e controlesobre seus tributos.
Com ajustes em precificação, contratos e sistemas, o empreendedor pode usar a nova estrutura a seu favor — reduzindo riscos e aumentando competitividade.
👉 Fale com a SABER Contábil para entender como aplicar essas mudanças no seu negócio e preparar a virada fiscal com segurança.
															

				





